Apologia da masturbação
Odeio falar de sexo. A sério.
Se não tivesse sido a entrevista do JCN isto não teria sido escrito.
E não julguem que odeio falar de sexo por puritanismo ou vergonha, bem pelo contrário, o que me parece é que o tabu sobre o sexo se passou a constituir sobre o facto de termos termos obrigatóriamente de falar sobre sexo, supostamente de forma descomplexada e aberta, mas naquilo que na realidade constitui uma forma de sedar e domesticar o sexo dentro de uma segura barreira de normatividade.
Alguns exemplos destas barreiras:
- Sexo e amor. Esta barreira geralmente é promovida ou ocorre na presença de mulheres e é talvez a mais frequente, quando se embate nela é muito complicado sair. Entre homens é mais rara porque o que geralmente acontece é um concurso a ver quem é que inventa a coisa mais porca que gostaria de fazer às gajas boazonas que estão a passar (o que até é divertido, mas a partir de certa altura cansa). Basicamente o que este tabu diz é que o sexo com amor é lindo, que o sexo sem amor não lhe chega aos pés etc... Não vou dizer que está errado, mas se a pessoa que amamos nos estiver a apoiar até a amputação sem anestesia das duas pernas nos parece mais agradável. E raramente o sexo constitui algo de desagradável. Suponho que isto será daquelas coisas subjectivas, haverá pessoas que só conseguem explorar a sua sexualidade ao máximo com um nível profundo de intimidade, mas com certeza nem todas as pessoas são assim e pessoalmente acho que desde que haja consentimento informado vale tudo.
- Homossexualidade. Em qualquer conversa sobre homossexualidade entre heterossexuais chegará um momento em que alguém dirá “Bom eu não sou homossexual mas...”. Isto demonstra o desconforto com a homossexualidade, a realidade da armarização que claramente prevalece na nossa sociedade. Não são só os homossexuais que podem falar da homossexualidade tal como não são só as mulheres ou aqueles que já geraram vida que podem falar sobre o aborto. A heterossexualidade é normativa! Quando eu conheço alguém, se por acaso a sua sexualidade sequer me passar pela cabeça, presumo que é heterossexual e não vai ser por falar de homossexualidade que vou mudar de opinião. No entanto a maior parte das pessoas sente-se na obrigação de fazer esta defesa, esta reafirmação da sua normatividade como se esta fosse ameçada pela simples menção de uma postura não normativa. Abertos e descomplexados de facto...
- Finalmente a masturbação. Aqui compreendo perfeitamente algumas razões que levam à omissão desta prática, nomeadamente o seu carácter intimo e solitário, mas acima de tudo a correlação que pode ser feita com a ausência de uma vida sexual a dois ou satisfatória (o que alguns dirão ser a mesma coisa...). Mesmo assim apesar disto o tabu sobre a masturbação é talvez o mais estranho. A masturbação é talvez a prática mais saudável e inocente da nossa vida sexual. É feita com alguém que amamos, é limpinha, não há risco de DSTs nem de uma gravidez indesejada, o parceiro fica sempre satisfeito (a não ser que seja feita a dois, mas eu não estou a falar desses casos.), e está perfeitamente sincronizado connosco. Ou seja o único aspecto negativo é que é um prazer solitário. E no entanto é quase completamente omitida dos discursos sobre sexo. Os homens nunca a assumem explicitamente, ainda que tácitamente esteja implícito que todos o fazem com pelo menos alguma regularidade, e aquele que diga que não ou é um mentiros ou é completamente assexuado, enquanto nas mulheres é veementemente negada, o que me leva a concluir que ou estão a mentir, e então lá se vai a sexualidade aberta e descomplexada, ou estão a dizer a verdade o que ainda é pior porque significa que estão a privar-se de uma importante e saudável parte da sua própria sexualidade.
Não chego ao ponto de dizer como a personagem do Kevin Spacey em “Beleza Americana” que a pivia matinal é o ponto alto do meu dia, mas se eu tivesse dias como os Lester Burnham de certeza que me ajudaria a passar o dia bem melhor.
Veja a masturbação como uma medida profilática, uma boa maneira de reduzir o stress em alternativa ao, ou em conjunto com, o consumo de substâncias. Não prejudica ninguém e é de graça...
Se não tivesse sido a entrevista do JCN isto não teria sido escrito.
E não julguem que odeio falar de sexo por puritanismo ou vergonha, bem pelo contrário, o que me parece é que o tabu sobre o sexo se passou a constituir sobre o facto de termos termos obrigatóriamente de falar sobre sexo, supostamente de forma descomplexada e aberta, mas naquilo que na realidade constitui uma forma de sedar e domesticar o sexo dentro de uma segura barreira de normatividade.
Alguns exemplos destas barreiras:
- Sexo e amor. Esta barreira geralmente é promovida ou ocorre na presença de mulheres e é talvez a mais frequente, quando se embate nela é muito complicado sair. Entre homens é mais rara porque o que geralmente acontece é um concurso a ver quem é que inventa a coisa mais porca que gostaria de fazer às gajas boazonas que estão a passar (o que até é divertido, mas a partir de certa altura cansa). Basicamente o que este tabu diz é que o sexo com amor é lindo, que o sexo sem amor não lhe chega aos pés etc... Não vou dizer que está errado, mas se a pessoa que amamos nos estiver a apoiar até a amputação sem anestesia das duas pernas nos parece mais agradável. E raramente o sexo constitui algo de desagradável. Suponho que isto será daquelas coisas subjectivas, haverá pessoas que só conseguem explorar a sua sexualidade ao máximo com um nível profundo de intimidade, mas com certeza nem todas as pessoas são assim e pessoalmente acho que desde que haja consentimento informado vale tudo.
- Homossexualidade. Em qualquer conversa sobre homossexualidade entre heterossexuais chegará um momento em que alguém dirá “Bom eu não sou homossexual mas...”. Isto demonstra o desconforto com a homossexualidade, a realidade da armarização que claramente prevalece na nossa sociedade. Não são só os homossexuais que podem falar da homossexualidade tal como não são só as mulheres ou aqueles que já geraram vida que podem falar sobre o aborto. A heterossexualidade é normativa! Quando eu conheço alguém, se por acaso a sua sexualidade sequer me passar pela cabeça, presumo que é heterossexual e não vai ser por falar de homossexualidade que vou mudar de opinião. No entanto a maior parte das pessoas sente-se na obrigação de fazer esta defesa, esta reafirmação da sua normatividade como se esta fosse ameçada pela simples menção de uma postura não normativa. Abertos e descomplexados de facto...
- Finalmente a masturbação. Aqui compreendo perfeitamente algumas razões que levam à omissão desta prática, nomeadamente o seu carácter intimo e solitário, mas acima de tudo a correlação que pode ser feita com a ausência de uma vida sexual a dois ou satisfatória (o que alguns dirão ser a mesma coisa...). Mesmo assim apesar disto o tabu sobre a masturbação é talvez o mais estranho. A masturbação é talvez a prática mais saudável e inocente da nossa vida sexual. É feita com alguém que amamos, é limpinha, não há risco de DSTs nem de uma gravidez indesejada, o parceiro fica sempre satisfeito (a não ser que seja feita a dois, mas eu não estou a falar desses casos.), e está perfeitamente sincronizado connosco. Ou seja o único aspecto negativo é que é um prazer solitário. E no entanto é quase completamente omitida dos discursos sobre sexo. Os homens nunca a assumem explicitamente, ainda que tácitamente esteja implícito que todos o fazem com pelo menos alguma regularidade, e aquele que diga que não ou é um mentiros ou é completamente assexuado, enquanto nas mulheres é veementemente negada, o que me leva a concluir que ou estão a mentir, e então lá se vai a sexualidade aberta e descomplexada, ou estão a dizer a verdade o que ainda é pior porque significa que estão a privar-se de uma importante e saudável parte da sua própria sexualidade.
Não chego ao ponto de dizer como a personagem do Kevin Spacey em “Beleza Americana” que a pivia matinal é o ponto alto do meu dia, mas se eu tivesse dias como os Lester Burnham de certeza que me ajudaria a passar o dia bem melhor.
Veja a masturbação como uma medida profilática, uma boa maneira de reduzir o stress em alternativa ao, ou em conjunto com, o consumo de substâncias. Não prejudica ninguém e é de graça...
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