Impressões de um estrangeiro
Há uns dias atrás conheci um ganês no bar da estação de Coimbra B. Estava com dificuldade em fazer-se entender à empregada e eu dei uma mãozinha com o pedido. Nada de especial mas foi mote para iniciar uma conversa que ainda não digeri totalmente.
Começou por elogiar o meu inglês, o que nunca cai mal, tendo ficado admirado por ter sido aprendido na escola. Digamos que no mínimo sentia-se desiludido quanto a Portugal. Segundo ele tínhamos uma mentalidade muito fechada e ao contrário do resto da Europa não fazíamos qualquer esforço para expandir os nossos horizontes, chegou mesmo a dizer que a mentalidade portuguesa parecia africana, não europeia e que nós diferíamos por exemplo dos espanhóis como a noite do dia. Tendo em conta a antipatia que eu já vi em franceses e espanhóis para com aqueles que não falam as suas línguas, o facto de ele se sentir mal recebido até me pareceu estranho, mas depois lembrei-me, que sendo ele negro é bem provável que as reacções fossem menos agradáveis que o habitual. Obviamente que tentei dizer que dependia dos sítios e das pessoas que se encontram, mas tenho a impressão que a certa altura dizia isso mais para me confortar a mim mesmo do que para reassegurar este homem.
Era óbvio que ele tinha construído uma imagem romântica de Portugal, baseada nos descobrimentos e no ror de inovações técnica que isso implicou e no pretenso carácter humanista da expansão portuguesa, que dificilmente poderia sobreviver à realidade mas tendo em conta muitas coisas que tenho visto nos últimos tempos não sei até que ponto o que este homem sentiu não será um retrato mais fiel da realidade. Afinal o PNR conseguiu 0,2% de votos, temos as mães de Bragança e a sua xenofobia implícita, e nem vale a pena repetir as banalidades sobre os dentistas ou futebolistas brasileiros e os enfermeiros espanhóis entre outras coisas.
O racismo óbvio talvez já não exista tão claramente, mas não sei se o mesmo aconteceu às formas subtis, e às vezes temo ser uma excepção e não a regra quanto a isto…
Começou por elogiar o meu inglês, o que nunca cai mal, tendo ficado admirado por ter sido aprendido na escola. Digamos que no mínimo sentia-se desiludido quanto a Portugal. Segundo ele tínhamos uma mentalidade muito fechada e ao contrário do resto da Europa não fazíamos qualquer esforço para expandir os nossos horizontes, chegou mesmo a dizer que a mentalidade portuguesa parecia africana, não europeia e que nós diferíamos por exemplo dos espanhóis como a noite do dia. Tendo em conta a antipatia que eu já vi em franceses e espanhóis para com aqueles que não falam as suas línguas, o facto de ele se sentir mal recebido até me pareceu estranho, mas depois lembrei-me, que sendo ele negro é bem provável que as reacções fossem menos agradáveis que o habitual. Obviamente que tentei dizer que dependia dos sítios e das pessoas que se encontram, mas tenho a impressão que a certa altura dizia isso mais para me confortar a mim mesmo do que para reassegurar este homem.
Era óbvio que ele tinha construído uma imagem romântica de Portugal, baseada nos descobrimentos e no ror de inovações técnica que isso implicou e no pretenso carácter humanista da expansão portuguesa, que dificilmente poderia sobreviver à realidade mas tendo em conta muitas coisas que tenho visto nos últimos tempos não sei até que ponto o que este homem sentiu não será um retrato mais fiel da realidade. Afinal o PNR conseguiu 0,2% de votos, temos as mães de Bragança e a sua xenofobia implícita, e nem vale a pena repetir as banalidades sobre os dentistas ou futebolistas brasileiros e os enfermeiros espanhóis entre outras coisas.
O racismo óbvio talvez já não exista tão claramente, mas não sei se o mesmo aconteceu às formas subtis, e às vezes temo ser uma excepção e não a regra quanto a isto…
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