E mais nada.
"O tribunal achará que para um rapaz de dez anos, por exemplo, é igual o trauma de ser abusado por uma mulher ou homem?"
A resposta é, obviamente que não se sabe. Os tramas são individuais e as situações envolvem contextos complexos (cuja análise concreta sim, poderá influenciar a pena tendo em conta a natureza do acto - heterossexual ou homossexual). O problema é que a questão não é essa. Abusar de um menor é sempre crime e não menos crime quando a relação é heterossexual. O dano não tem que ver com a natureza do acto, mas com a violência para com a criança e o seu desenvolvimento harmonioso. A natureza do acto é relevante para os homófobos, que, no fundo, acham que há um "desvio" e uma "anormalidade" no acto homossexual, que por isso é mais nocivo por inerência. Trata-se de um mero preconceito, não provado cientificamente (bem pelo contrário). E nem me venham falar que é socialmente mais estigmatizante, porque os estigmatizadores são os homófobos e não os homossexuais. Fica então o desafio a Miranda e Miguel Sousa Tavares. Soltem os vossos fantasmas e digam concretamente: em que é que exactamente a natureza do acto homossexual é mais traumatizante que a do acto heterossexual? Vai ser bonito de ler.
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