domingo, janeiro 30, 2005

E o Louçã é que é homofóbico?!

Nojo

É tudo o que posso dizer dos dois ultimos dias de campanha eleitoral.
Segundo Santana Lopes o homem mais adequado para governar o país deve ser o Zezé Camarinha. Afinal já deve ter fodido mais mulheres que o PSL, e muitas delas estrangeiras o que é um bónus para as relações internacionais.

Quanto ao PP (o partido e a alimária), o que merecia era um outing forçado para se ver confrontado com a suas hipocrisias. Infelizmente a surpresa seria a heterossexualidade do Paulinho, porque os rumores já toda a gente conhece, e eventuais defeitos privados não contribuem para um aumento da igualdade e da justiça.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

O flagelo das propinas nos EUA

O que está actualmente a acontecer no ensino universitário americano dá toda a razão a todos aqueles que se insurgiram contra a aplicação indiscriminada de propinas no sistema universitário, especialmente num país com graves carências educacionais como é caso português. Para que se possa ter uma ideia do verdadeiro flagelo que está a acontecer no ensino universitário americano, vamos aos números:

- Nos últimos 10 anos as despesas de inscrição nos estabelecimentos públicos universitários subiram 47%, nos privados subiram 42%.

- 600 mil estudantes por ano abandonam os estudos antes de obter o diploma final por causa de dívidas incomportáveis contraídas para pagar os estudos.

- A dívida média de um aluno que acaba o curso de direito: 80 000$ (36 000$/ano salário de um emprego de início de carreira)

-17,9 milhões de americanos com idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos não possuem qualquer cobertura médica de base.

Resulta deste tipo de políticas um sistema de ensino universitário orientado para alunos de famílias ricas e para uma reduzida minoria de alunos que conseguem obter bolsas por mérito estudantil atribuídas por algumas empresas privadas e pelos ministérios da educação e da ciência de países europeus e asiáticos. Não estranha pois que os EUA tenham o Presidente que têm, um indivíduo que era um exemplo de insucesso escolar transformado num licenciado em Yale. Um medíocre rico pode ser o que quiser, um bom aluno pobre arrisca-se a ter que abdicar dos mais altos graus do ensino.
Quem defende o regime de propinas (há até quem diga que são baratas em Portugal) deveria reflectir seriamente sobre este exemplo. Porque este é um exemplo claro como a água. Adoptou-se um determinado tipo de política e os resultados são o que são.
É certo que os EUA continuam a ter as melhores universidades do mundo, mas é do conhecimento geral que a Europa ultrapassou vertiginosamente a produção científica dos EUA há cerca de dois anos e estudos recentes indicam que as empresas de países europeus como a Alemanha e a França - que não adoptaram esta política de propinas - são neste momento em média mais produtivas que as empresas americanas.


Via A Grande Loja

Como uma Fenix das cinzas...

domingo, janeiro 23, 2005

Louçã vs Portas

Acho que Portas teve a resposta que merecia. Infelizmente foi uma resposta que o favoreceu. O debate em si pareceu-me dominado por Louçã mas a tirada final pode muito bem ter deitado tudo a perder. Foi estúpido e irreflectido.

Enquanto escrevo este post vejo o PP a tirar os dividendos dessa irreflexão com Portas a mostrar a sua melhor pose de grande estadista.


No entanto não me parece que FL tenha disparado este disparate devido à putativa homossexualidade de PP, pelo menos não conscientemente (espero eu), mas sim como desabafo a ser chamado de assassino por PP. Até porque a homossexualidade e a IVG não têm nada a ver uma com a outra.

Já agora o comentário de FL também é péssimo para a causa da IVG, é precisamente o tipo de argumento utilizado pelos movimentos pró-vida.

Agora, muito mal esteve o deputado João Teixeira Lopes, que decidiu seguir o caminho da insinuação, e aqui sim duma homofobia hegemónica.

Espero sinceramente que o Bloco não entre por este caminho. Nunca.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Do I contradict myself?
Very well then I contradict myself,
(I am large, I contain multitudes.)


Walt Whitman Song of Myself

Infelicidade

Parece que próxima 2ª Feira vai ser o dia mais triste do ano segundo um cientista de Cardiff (no Público sem link), que criou uma fórmula para calcular a infelicidade. Tudo bem, vou tentar dar o meu contributo, mas cá entre nós ainda bem que o tsunami não aconteceu uns dias mais tarde. É que assim a fórmula não tinha servido de muito...

Excelente

Um dos melhores posts acerca da adopção por casais homossexuais que já vi. Simples, foca todos os pontos sem descambar em extremismos e usa um exemplo demolidor na sua infeliz normalidade.

Desventuras

Um estudante vai para a escola e decide apanhar o metro para lá chegar. A estação mais próxima da escola ficava noutra linha e ele tinha de mudar de comboio, só que perde o primeiro que passa. Como esta estação também é próxima da escola ele fica indeciso entre esperar para apanhar o próximo metro, ou dar uma corrida até lá. Decide esperar.

Os minutos começam a passar, e o metro não aparece. Que fazer? Esperar ou correr? E se o metro estiver mesmo a chegar?

O tempo prossegue a sua caminhada inexorável e ele cada vez mais desesperado. Finalmente o metro aparece.

Se tivesse ido a pé tinha chegado a tempo...

Azar

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Palavras para quê?

Aviso

Durante o próximo mês vou postar com pouca frequência.

sábado, janeiro 08, 2005

Equilibrium

Quarta-feira passada o Canal 1 passou o filme de ficção cientifica Equilibrium


 Posted by Hello

A história passa-se num futuro próximo em que os sentimentos foram ilegalizados e a sua ausência é garantida através do Prozium (o nome é uma justaposição deliberada de Prozac e ópio), uma droga que suprime as emoções. Quando a droga falha uma força de guerreiros de elite, os clérigos, e responsável por capturar e executar os infractores do “crime sensitivo”.

Se o filme não é especialmente original (as sequências de combate são reminescentes do Matrix e o ambiente é reminescente do Bravo Mundo Novo, do Mil novecentos e Oitenta e Quatro, e do Fahrenheit 451 naquilo que parece constituir o pesadelo temido por Fukuyama no Our Post-Human Future), e levantou algumas questões entre mim e os meus colegas. Uma delas tinha a ver com os sorrisos. Um dos meus colegas argumentou que numa sociedade sem emoções não deveria haver sorrisos. Se numa das situções em que isto ocorreu eu concordo que a crítica dele era justa o meu argumento é que o sorriso não tem necessariamente nada a ver com sentimentos. É apenas mais uma forma comunicacional que pode ser tão socialmente construída como o beijo ou o aperto de mão, ou seja programada através da sociabilização. Depois os primatas em geral e os humanos em particular são particularmente bons na dissimulação de comportamentos para manipular os outros i.e. a nossa “face” pública não corresponde necessariamente à nossa “face” privada. Finalmente há o exemplo da sociopatia, indivíduos que são incapazes de qualquer empatia, e são de certa forma incapazes de afectividade, mas que podem passar largamente despercebidos e funcionar de maneira aparentemente normal.

A questão que a mim mesmo me surgiu tem a ver com a natureza humana. A ideia subjacente ao filme parece ser a de que a emoção é um dos componentes mais importantes, senão o mais importante duma eventual essência humana. Uma das questões que Fukuyama põe no Our Post-Human Future, é até que ponto num mundo em que o uso de drogas como o ritalin e o prozac está massificado, pessoas cujos estados naturais estão dessa maneira alterados partilham dessa natureza humana (que incidentalmente ele nunca define). Mas será como é proposto no filme suprimir totalmente a emotividade? O que parece acontecer é antes uma forma de normativização ou de engenharia social, que vai bem mais de encontro a um dos receios de Fukuyama mas que me parece um exercício fútil. Desconfio que a nossa humanidade não terá necessariamente a ver com a emotividade e que esta é impossível de suprimir na sua totalidade. Quanto ao resto espero que haja sempre pessoas que não engulam aquilo que lhes é alimentado acriticamente e que sejam incomodas embora aí tenha de admitir um grande pessimismo.

Numa nota mais leve tenho de dizer que o filme é bastante razoável, com bons efeitos e interpretações apesar do pequeno orçamento, e que Christian Bale mostra um cabedal capaz de fazer repensar muita heterossexualidade masculina...





Radiografia política

Desde que tenho idade para votar, apenas nas autárquicas de 2001 e nas Presidenciais é que não votei no Bloco.

Nas autárquicas votei no João Soares, pois no geral o trabalho realizado era positivo, e após dois anos de PSL e capangas estou completamente certo da correcção do meu raciocínio. Nas presidenciais votei em Jorge Sampaio, principalmente porque o Fernando Rosas é quanto a mim uma excelente razão para não votar no bloco. Com os acidentes dos últimos meses arrependo-me profundamente da minha decisão. Devia ter votado em branco.

Não sinto especial fidelidade ao Bloco, mas não concordo com a categorização de extrema-esquerda que frequentemente fazem dele. Se tem franjas que são profundamente esquerdistas parece-me que na realidade a grande massa apoiante do Bloco são aqueles que como eu se encontram desiludidos com a prática política do PS, e a maioria das propostas apresentadas até são de carácter Social-Democrata. Seguisse verdadeiramente o PS as orientações ideológicas presentes na sua génese, e a base de apoio do Bloco seria bem mais estreita.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

O fundo do poço

Diários

Reparei que no ultimo post usei o termo caderno para definir aquilo que pode muito bem ser entendido como diário. É interessante, quase nenhum homem mantém um “diário”, tem um caderno onde regista pensamentos, tal como eu tenho feito desde os 19 anos, mas diário parece quase ser coisa de mulher, ou pelo menos não muito masculina. É estranho porque em termos de conteúdo desconfio que a variação entre o que é escrito nesses “o que quer que sejam” é menor entre homens e mulheres do que de pessoa para pessoa.

Balanço

Uma coisa que não me agrada muito nas passagens de ano, é a tendência que se tem de fazer o balanço do ano que acaba. Acho compreensível mas fútil. Dá-me a impressão que durante as festas se faz o branqueamento dos erros, e que depois se renovam as promessas “eleitorais” por assim dizer. Desnecessário portanto.

No entanto dei por mim a ler as entradas no meu caderno relativas ao ano passado. A primeira coisa que me surpreendeu foi o ter escrito bem menos que o que julgava, principalmente nos primeiros meses de funcionamento do blog. A segunda foi a paixão e a eloquência que algumas dessas entradas demonstravam. Eu estava a por a minha vontade no papel, duma maneira que nunca atingi aqui, e provavelmente em lado algum. Tenho pena que o passar do ano não me tenha permitido manter esse ardor, e sinto inveja do jovem que no principio de 2004 mostrava tal espirito.

Voto útil

Duas boas reflexões sobre o voto útil, e os aparelhos partidários (principalmente do PS), aqui e aqui.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Moral Compass

fiz. Os resultados não me pareceram muito desajustados.
Mas gostava mesmo de ver era os resultadinhos de alguns dos nossos ditos "liberais".

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Demasiado mau para ser verdade

Eu só espero que isto seja uma piada muito mal conseguida.

Estive no Site e parece-me mau demais para ser verdade. Mas frequentemente a estupidez humana consegue ultrupassar todos os limites do bom senso

Just in case...

Ajuda Internacional

Não vou falar mais do maremoto para além disto. A minha perspectiva é demasiado cínica, e no limite por muito que goste de exercicios críticos, o risco de parecer insultuoso, ou sê-lo verdadeiramente, é demasiado elevado.

Caritas:
Caixa Geral de Depósitos – NIB 003506970063091793082
Assistência Médica Internacional:
Banco Espírito Santo – nº 015/40000/0006
Multibanco - entidade 20909 e referência 909 909 909 em Pagamento de Serviços
Tranferência bancária para o BES - NIB 000700150040000000672
"SOS Crianças da Ásia" da UNICEF:
Caixa Geral de Depósitos – NIB 003501270002824123054
Apelo emergência da Cruz Vermelha:
Banco Português de Investimento – NIB 001000001372227000970


Parece também haver um sistema por SMS mas não sei o número. Tanto quanto sei estes números são legítimos, mas aconselho toda a gente a verificar.

Programas eleitorais.

Retirado d'A Peste:

Cidadão: 10 questões

Já anteriormente tentei contribuir na medida do meu possível para o esclarecimento eleitoral; desta vez fui um bocadinho mais longe e enviei aos cinco principais partidos políticos este e-mail:
Caros BE, PCP, PS, PSD e PP,

Sou advogado, natural de Monção, mas residente em Coimbra. Nas últimas três ou quatro eleições, preparei-me para exercer o meu direito de voto lendo os programas e manifestos eleitorais dos partidos, recolhidos dos respectivos sites. Desta vez, e dadas as circunstâncias que dão às Legislativas de Fevereiro um carácter muito particular, decidi usar o correio electrónico como forma de vos indagar directamente.
Este e-mail contém as questões que considero decisivas para a orientação do meu sentido de voto neste momento. Peço que me respondam de maneira directa e elucidativa para jorgevaznande@gmail.com e que as respostas sejam assinadas. As respostas serão publicadas no meu blog, http://apeste.blogspot.com, bem como esta mensagem original.

1- Portugal é hoje um país de acolhimento de imigrantes. Qual é a vossa proposta para a sua integração cultural?
2- Maior investimento cultural no interior: sim ou não? Em que moldes?
3- Na cultura, o que é mais importante apoiar: o património ou a criação?
4- Que propõem para a melhoria da rede de transportes públicos, principalmente quanto ao interior?
5- Que propõem para reduzir o peso da Administração Pública?
6- Que propõem para resolver o problema da abstenção fiscal?
7- Despenalização da interrupção voluntária da gravidez: sim ou não? Para quando? Em que moldes?
8- Se fossem colocados na posição em que o Governo de Durão Barroso esteve, estaríamos nós hoje a ajudar o esforço de guerra no Iraque?
9- O que propõem para a melhoria e ampliação do acesso da população aos novos meios de comunicação, designadamente o acesso à Internet, em geral, e através da rede ADSL, em particular?
10- É justo que os estudantes universitários sustentem na totalidade a segunda etapa dos seus cursos, com a aplicação da Declaração de Bolonha, quando as suas propinas foram já mais do que duplicadas nos últimos dois ou três anos?

Agradecendo desde já o que espero ser um enorme contributo para o esclarecimento dos eleitores e cidadãos, despeço-me,

com cumprimentos,

Jorge Vaz Nande

P.S.: este e-mail foi enviado para as seguintes moradas: blocoar@ar.parlamento.pt; secção de perguntas no site do BE; pcp@pcp.pt; gp_pcp@pcp.parlamento.pt; secção de perguntas no site do PCP ; gp_ps@ps.parlamento.pt; portal@ps.pt; secção de perguntas no site do PS; gp_psd@psd.parlamento.pt; psd@psd.pt; secção de perguntas no site do PSD; gp_pp@pp.parlamento.pt; geral@lisboa.cds-pp.pt . No momento em que escrevo, não é possível a ligação ao site principal do PP, logo, não me foi possível recolher um e-mail geral deste partido.


Para já parece que só o PP é que respondeu, ainda que a adiar para Janeiro.