quarta-feira, junho 29, 2005

LGP

Fiz o exame de LGP. Não correu mal.

O que significa que devo passar à rasca...

sábado, junho 25, 2005

Communication

Communication is the only way
Start saying what you mean to say
All your troubles are gonna run away
Start saying what you mean to say

Communication is the only way
Start saying what you mean to say
All your troubles gonna run away
Start saying what you mean today

Communication is the only way
Start saying what you mean to say
All your troubles gonna run away
Start saying what you mean today

I love you
I'll be true
As time goes by
I'll lift you
We'll try to you
You'll learn to trust my heart

Communication
is the only way
Start saying what you mean to say
All your troubles are gonna run away
Start saying what you mean to say

Don't follow
Your sorrow
We'll try to find
From growing
to knowing
the tender of your mind
To love you
must be true
As time goes by
I'm still learning
You're learning
No way to trust your heart


Communication is the only way
Start saying what you mean to say
All your troubles are gonna run away
Start saying what you mean today

Communication is the only way
Start saying what you mean to say
All your troubles are gonna run away
Start saying what you mean today

"Communication" Bella Fleck & The Flecktones

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sexta-feira, junho 24, 2005

Boa tarde!

No leitor

quinta-feira, junho 23, 2005

Ainda o arrastão

Os meus posts sobre o arrastão foram inevitavelmente dos mais lidos nas ultimas semanas, em geral com comentários não muito abonatórios.
Tirando as reacções do tipo “Mata-te!” que não me conseguirão arrancar mais que algumas gargalhadas e uma ou outra boca, acho que alguns desses comentários merecem alguma atenção porque tendem a seguir uma estrutura que se repete por toda a blogoesfera.

Primeiro tendem a dizer que se está a desculpabilizar os criminos, o que se até é verdade nalguns casos não será em todos, e provávelmente nem sequer na maioria. Eu pelo menos não o fiz e acho que os responsáveis têm de ser capturados e punidos.

Agora recuso-me em alinhar em histerias como quando se chegou a afirmar que o arrastão teria sido feito por dois mil jovens, sendo que neste momento duvida-se que tenham sido mais de 70.

Depois há o próprio perfil desse comentadores. Tendem a afirmar-se como residentes em bairros problemáticos ou na periferia deles, pobres, trabalhadores abnegados, tolerantes e pagadores de impostos, ao mesmo tempo que acusam quem discorda deles de elitismo, alienamento, cinismo, sede de protagonismo, demagogia e má fé enquanto discorrem uma série de disparates racistas.

Quanto a isto apenas tenho a dizer uma coisa:

Sou racista. Se vir um preto ou um branco com mau aspecto na rua é mais provável que eu evite o negro. Há quem lhe chame precaução, eu chamo-lhe a medida do meu racismo. E sinceramente quando vejo as opiniões de algumas pessoas que se dizem “tolerantes” tenho a certeza que com elas nada quero partilhar.

Depois há a também frequente acusação de com a Policia não sermos tão tolerantes logo portanto hipócritas e demagógicos. Bom, quanto a mim apenas por duas vezes critiquei aqui a actuação da policia e não foi acerca do arrastão (critiquei também as declarações de um suposto agente em relação ao arrastão, mas não a policia), só que estando a policia empossada do dever e do poder de exercer uma função repressora sobre o resto da sociedade acredito que esta tem a obrigação de o exercer responsável e legitimamente, estando simultaneamente sujeita á totalidade da lei pela qual vela, devendo portanto ser fiscalizada de modo a impedir o abuso desse poder, tal como é feito por exemplo no Estados Unidos e no Reino Unido. Como consequência directa destes direitos e deveres também defendo que ela deve ser renumerada adequadamente e ter acesso a equipamentos, treino e regalias que lhe permitam exercer a sua função adequadamente, coisa que em Portugal manifestamente não acontece ao contrário novamente dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Há claro a questão da nacionalidade dos criminosos. Parece-me irrelevante. Segundo a APAV 98% dos crimes ocorrem entre pessoas que se conhecem e não sei se nos restantes 2% haverá uma grande simetria entre estrangeiros e nacionais. O que me parece é que quando o crime é cometido por um negro lhe é automáticamente atribuido o estatuto de estrangeiro, passa a ser um dos “Outros” aqueles que apenas nos querem destruir. Não fará então mais sentido procurar as causas da criminalidade noutros indicadores como a distribuição da riqueza ou a densidade populacional?

Principalmente sabendo que 98% da criminalidade dificilmente será erradicada por ter uma base inter-relacional?


PS Este post está um pouco mais defensivo do que eu pretendia e claramente preciso de falar mais do crime e de criminosos.

Também recomendo a leitura do editorial do José Manuel Fernandes no Público de hoje.


Outra coisa com piada é o abaixo assinado dos fachos que anda para aí contra a nova lei de emigração. Não sei se eles se aperceberam, mas esta lei é mais restritiva que a enterior em relação à naturalização!

terça-feira, junho 21, 2005

Parabéns

Dois anos de Avatares de um Desejo

Perdeu-se um comentário

Perdi um comentário.

Não sei se o fiz no blog errado, não sei se foi um problema da ligação ou do blogger, mas quando fui ver se teria suscitado alguma reacção não o encontrei.

É um comentário pequeno e educado de carácter peculiar.

Se alguém o encontrar por favor contacte-me. Oferece-se recompensa.

domingo, junho 19, 2005

Utopias

Um dia gostaria de ir do Minho ao Algarve a pé. Mas não o quero fazer sozinho.

Alguém se quer voluntariar?

sábado, junho 18, 2005

A ler


Visibilidade

Nos últimos anos o tema das deficiências tem-se tornado um dos meus maiores interesses o que me levou a escolher como tema de investigação final a surdez.

Como em todas deficiências, e talvez mais do que as outras, um dos problemas com que os surdos se deparam no espaço público é a sua falta de visibilidade, o que me levou a experiênciar um momento eminentemente etnográfico na passada quarta-feira quando tive a aula de Língua Gestual Portuguesa no Centro Comercial Colombo.

A perplexidade dos trauseuntes em ver um grupo de pessoas a gesticular entre si era notória, mas mais que isso o surpreendente foi haver pessoas que claramente não conseguiram apreender o que se passava ali. A menina da loja de perfumes que não conseguia tirar os olhos de nós, o segurança que nos seguiu durante quase cinco minutos, o chungosito que parecia estar quase a dar um jeito no pescoço de tanto nos olhar.

E com toda a certeza houve muito mais que me passaram despercebidos, e que provavelmente dariam excelente material para um filme documental, mas que são ilustrativos do ostracismo a que são sujeitas as pessoas com deficiências em Portugal.

Pequenas satisfações

Depois de anos a ouvir os honestos cidadãos portugueses a reclamarem da imbecilidade, da ignorância e da falta de civismo dos estudantes aquando das manifs, é com um sorriso sardónico que vejo a função pública a, justamente, protestar por medidas do governo que no geral até são correctas e necessárias.

Quanto aos FNs apenas lhes desejo o que eles sempre nos desejaram:

-Que levem umas valentes bordoadas, que é o que precisam!


PS. O que mais me irrita nesta escumalhazita é que apesar dos seus argumentos serem fácilmente desmontáveis, erradicar esta ignorância irracional é quase impossível sem nos tornarmos tão maus quanto eles.

sexta-feira, junho 17, 2005

No leitor

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quinta-feira, junho 16, 2005

Manif FN (Act.)

Foi organizada para dia 18 de Junho uma manifestação
pela FRENTE NACIONAL, o grupo de acção e violento do
PNR, para Lisboa, Martins Moniz. Os motivos da
manifestação vêm disfarçados de luta
anti-criminalidade aproveitando os recentes
acontecimentos de Carcavelos.
Envio em anexo uma carta que deve ser enviada por
e-mail para o Governador Civil de Lisboa com o intuito
de pedir o indeferimento do pedido de direito a
manifestação. Leiam e enviem-na o mais breve possivel,
a assinatura fica ao critério de cada um@.

REENVIEM ESTA MENSAGEM p.f.

A V. Ex.ª Governador Civil de Lisboa,

Assunto: Contra a Manifestação organizada pela Frente
Nacional

Vimos por este meio apelar a V. Ex.ª para o
indeferimento do pedido de direito à manifestação por
parte da Frente Nacional a realizar Sábado, dia 18 de
Junho do ano corrente a realizar em Martim Moniz,
Lisboa. Esta propõe-se lutar contra o aumento da
criminalidade, ocultando neste preceito verdadeiros
objectivos de cariz nacionalista, xenófobo, racista,
violento e repressivo, já conhecidos na acção deste
grupo - que o SIS conhece como um braço de acção do
PNR, bem como as suas ligações às facções mais
violentas e activas da extrema direita: Prospect Of
The Nation (POTN), hammerskins e 1143.
A manifestação e a sua localização põem em causa a
segurança pública, e os mais elevados Princípios
Constitucionais consagrados também na Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
Embora lhes seja constitucionalmente reconhecido o
direito à manifestação segundo o Artigo 45.º, várias
acções de violência, morte estão associadas a este
tipo de grupos com atitudes racistas e xenófobas,
pensamos que é um atentado ao respeito e à dignidade
das pessoas, demonstrações públicas que defendem
ideais que há muito se combate na construção de
sociedades democráticas, mais justas e igualitárias.
Recordando os artigos da CRP:
Artigo 13.º
(Princípio da igualdade)
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e
são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado,
prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de
qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça,
língua, território de origem, religião, convicções
políticas ou ideológicas, instrução, situação
económica ou condição social.
Artigo 15.º
(Estrangeiros, apátridas, cidadãos europeus)
1. Os estrangeiros e os apátridas que se encontrem ou
residam em Portugal gozam dos direitos e estão
sujeitos aos deveres do cidadão português.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os
direitos políticos, o exercício das funções públicas
que não tenham carácter predominantemente técnico e os
direitos e deveres reservados pela Constituição e pela
lei exclusivamente aos cidadãos portugueses.
3. Aos cidadãos dos Estados de língua portuguesa com
residência permanente em Portugal são reconhecidos,
nos termos da lei e em condições de reciprocidade,
direitos não conferidos a estrangeiros, salvo o acesso
aos cargos de Presidente da República, Presidente da
Assembleia da República, Primeiro-Ministro,
Presidentes dos tribunais supremos e o serviço nas
Forças Armadas e na carreira diplomática.
4. A lei pode atribuir a estrangeiros residentes no
território nacional, em condições de reciprocidade,
capacidade eleitoral activa e passiva para a eleição
dos titulares de órgãos de autarquias locais .
5. A lei pode ainda atribuir, em condições de
reciprocidade, aos cidadãos dos Estados-membros da
União Europeia residentes em Portugal o direito de
elegerem e serem eleitos Deputados ao Parlamento
Europeu.
Artigo 16.º
(Âmbito e sentido dos direitos fundamentais)
1. Os direitos fundamentais consagrados na
Constituição não excluem quaisquer outros constantes
das leis e das regras aplicáveis de direito
internacional.
2. Os preceitos constitucionais e legais relativos aos
direitos fundamentais devem ser interpretados e
integrados de harmonia com a Declaração Universal dos
Direitos do Homem.
Artigo 26.º
(Outros direitos pessoais)
1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade
pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à
capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e
reputação, à imagem, à palavra, à reserva da
intimidade da vida privada e familiar e à protecção
legal contra quaisquer formas de discriminação.

Apelamos à sua reflexão e ponderação para os
verdadeiros objectivos desta manifestação que,
mascarada na luta anti-criminalidade, é ela própria
criminosa contrariando os nossos mais elementares
direitos.

Atenciosamente,

PS. O link do Governo Civil encontra-se aqui ainda que aparentemente infuncional.

terça-feira, junho 14, 2005

Tão certos da justeza das suas convicções e nem sequer têm a coragem de dar a cara.

Mas já que me aconselharam o suicídio. (Rev.)

E o que é que eu defendi exactamente?
1- Que a relação imigrante/português ou branco/negro/preto/africano (sintomático! Só por serem negros são automáticamente africanos.) não faria grande sentido neste caso.
2- Que os factos haviam sido sensacionalisticamente exagerado como realmete parecem ter sido principalmente à luz do que se passou na Quarteira.
3- Que certos grupos, infelizmente não tão pequenos quanto deveriam ser, iriam delirar com estas interpretações.

Depois pus um post d'A Peste que é no essencial uma critica à televisão.

Por isso, e para que fique registado:

Já fui assaltado.
Quatro vezes.
Em três dessas vezes os assaltantes eram brancos.
Na outra era um grupo em alegre colaboração interétnica.

E também foi um branco que que no passado dia 1 de Junho se ofereceu para me vender um anel de ouro junto ao local onde a CML organizou as festividades do Dia da Criança.
E ax.
E erva.

E para o caso de haver os que acham que sou um riquinho apenas lhes posso dizer que faço parte de uma anomalia estatistica: A dos estudantes universitários cujos pais não têm formação superior. Na realidade pouco mais têm que a quarta classe. Tirem as conclusões que quiserem.

Quanto à minha opinião sobre o crime e os criminosos hei de lá voltar futuramente.

Antes que me voltem a aconselhar o suicídio...

Retirado d'Os Tempos Que Correm:

Por arrastão.

Depois do arrastão de Carcavelos virá, por arrasto, o arrastão do pânico racista? É bem provável. Já se sente isso num artigo de opinião miserável, publicado hoje no Público, e assinado apenas (na edição online) por um "investigador de ciências políticas" (até tremo em pensar qual será a origem institucional...).

É óbvio que crime é crime. É óbvio que crime implica investigação e punição. Se é óbvio, porque sente tanta gente necessidade de fazer disso o centro da discussão quando comenta eventos que envolveram negros/ pretos/ africanos? É também óbvio que ninguém com dois dedos de testa desculpa o quer que seja com piedade sociológica ("são as condições sociais que criam o crime", etc.); o que não impede (pelo contrário, ela é precisa) a compreensão de contextos e causas. O que já demasiada gente parece esquecer ou querer esquecer é que existe um problema social específico chamado racismo - tanto a montante das condições sociais quanto a juzante dos arrastões e da sua percepção mediática.

Que tal alguém dizer o óbvio, o simples e o necessário: que perseguir os criminosos, resolver os problemas sociais e atacar o racismo são coisas distintas e igualmente necessárias?


E retirado do Renas e Veados:

RACISMO POR ARRASTO, NÃO!
Já se estava a advinhar. Apesar de uma boa parte (a maior?) das vítimas do "arrastão" de sexta-feira na praia de Carcavelos terem sido negros, já pude ouvir mil e um impropérios racistas sobre o assalto colectivo. Aliás é curioso como a habitual "falta de notícias" de Junho faz com que da noite para o dia todo o país fale em "arrastões", como se o termo sempre tivesse feito parte do nosso vocabulário com este significado. Pior ainda, o exagerado (provinciano?) alarmismo dos jornalistas portugueses fez com que rapidamente a notícia se espalhasse pelo mundo, com os óbvios prejuízos para a indústria do turismo que isso acarreta...

Se há um assalto, a nossa preocupação deve centrar-se nesse acontecimento e não na cor da pele dos seus executores. É que esta em nada atenua ou agrava o acto. E é o acto que deve ser prevenido, e se acontece, devidamente punido claro está.

Que tentem usar este tipo de assaltos para justificarem e propagarem teorias racistas não é, infelizmente, nada de novo. É sobretudo importante não cair em ingenuidades ou raciocínios simplistas. Um blog, como o referido no post anterior, cria-se em menos de 5 minutos. Qualquer pessoa com acesso a internet é capaz de o fazer. Neste caso a sua origem neo-nazi e branca é bastante óbvia. Ora reparem:

1) No primeiro post do blog todos os comentários inaugurais são de neo-nazis. Então é o blog da "irmandade negra" e só os fascistas brancos o conhecem?

2) No post mais recente é negada qualquer ligação à extrema-direita, dizendo que o blog existe desde Maio. Uau, fantástico, dado ser um blog com 5 posts!!! E as datas dos mesmos poderem ser livremente alteradas...

3) Nesse mesmo post são insultados os anti-fascistas! Mais que os fascistas.. I rest my case.

Boss

domingo, junho 12, 2005

A ler


Imagem Imagem Imagem

É inacreditável mas já houve uma reportagem na SIC em se questionava o efeito prejudicial do arrastão de Carcavelos na imagem do país. É que realmente isso é que é importante...
Concordei com um post do João Miranda... Devo estar na Twilight Zone...

Lembremo-nos

Retirado d'A Peste:

PENSAMENTO SEGUNDO. Por aquilo que compreendo, o roubo por "arrastão" em Carcavelos há dois dias consistiu num grupo de setenta a oitenta indivíduos - disse hoje a Rtp, mas já depois de se ter criado o mito de quinhentos - que começaram a correr e a agarrar em tudo o que podiam. Houve escaramuças, entre eles próprios e deles com a polícia, mas não vi ninguém a queixar-se de ter sido agredido (o comunicado do presidente da Câmara de Cascais dá a entender o mesmo). Aliás, pelo que se disse, houve só três feridos ligeiros: um guarda, uma senhora que se cortou numa garrafa e uma rapariga que levou uma cacetada de um polícia por engano.
Hoje à noite, as televisões foram ao directo a Carcavelos, que foi assim a praia mais vigiada do/pelo país. Foram também a Quarteira, onde dez tipos (novamente, número confirmado pela Rtp depois de um inicial cinquenta) roubaram três pares de calções numa loja e depois foram identificados pela polícia na praia. Um foi detido porque deu "um murro na mão e um pontapé na perna" ao guarda. Quase um terrorista. Isso não impediu os repórteres de perguntar às pessoas se se sentiam inseguras, de realçar que nada será como dantes e de lamentar como foi para esquecer o dia do arrastão de Carcavelos.
Pois eu proponho um exercício diferente. Lembremo-nos. Lembremo-nos para sempre do arrastão de Carcavelos como o dia em que as pessoas - as pessoas - que foram sistematicamente empurradas para fora da grande cidade, para os bairros sociais ou de lata, para os longes da vista e do coração, como o dia em que elas mostraram que existiam àqueles que as mandaram para lá e sempre estiveram demasiado ocupados para se lembrarem delas. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como o momento em que um fantasma se torna carne, em que o racismo encapotado arranja justificação para existir, em que o preconceito ganha uma razão cuja causa é, por acaso, o próprio preconceito. Lembremo-nos do arrastão como a vingança dos putos postos à parte, que não aparecem em telenovelas da Tvi, acostumados a ouvirem "não podem entrar aqui assim vestidos" dos mesmos que lhes impõem a porcaria das coisas caras e de marca como o símbolo do estatuto a que nunca os deixará chegar. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como o momento em que a bomba social que uma sociedade burguesa, balofa, urbana, maricas, pálida e com problemas de bexiga espoletou e deixou rebentar nas próprias mãos. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como exemplo de que não se governa para os mais desfavorecidos que delapidam a segurança social, mas para os mais ricos que pagam impostos, como se não fizessem todos parte do mesmo país, da mesma sociedade, como se não partilhassem a mesma coisa pública. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como a maior das psicoses de praia depois da falsa onda gigante no Algarve aqui há uns anos. Lembremo-nos de tudo isto e percebamos que em Carcavelos aconteceu mais do que setenta putos a roubar. Aconteceu a merda de uma sociedade a vir à tona da água morta e suja em que ela não sabe deixar de se afundar.

sábado, junho 11, 2005

Não há nada como o medo para deixar as pessoas irracionais

E haverá sempre aqueles que se dedicarão a criá-lo e explorá-lo.

Os PNRs devem estar a esfregar as mãos de contentes

"Arrastão na praia de Carcavelos".

Mesmo que os números até agora relatados se venham a provar menores do que se pensa, mesmo que entre os assaltantes não se incluam apenas imigrantes* (alguém que não seja um português branco), mesmo que entre as vítimas não se incluam apenas portugueses honestos (os portugueses brancos), o PNR já encontrou munição pelo menos para o resto do verão.

O directo da SIC deve ter sido um dos maiores fracassos televisisvos dos últimos tempos, um bombeiro que só falou do calor e do excesso de gente na praia disse que se tratou de um pequeno grupo de arruaceiros que criaram problemas e que depois devido à sobrelotação da praia a situação escalou (entretanto uma fonte policial veio afirmar que o número de intervenientes poderia ascender a dois mil ), e uma jovem falou de um gang de 100 indivíduos que teria assaltado um casal.

Não sei o número de vítimas, mas foram atendidas medicamente cinco pessoas, entre as quais dois policias e foram detidas quatro pessoas.

Claro que entretanto já houveram algumas das reacções esperadas ouvi na rádio um policia(?!) afirmar que em 1968 nada disto aconteceria, para além das diátribes costumeiras que sugerem uma aplicação dura da lei de cujo cumprimento os policias pela sua natureza estariam isentos.

* De facto a 1ª (única?) vitima assaltada era um cidadão de leste.

Imbecilidades

Desenhar autocarros com piso rebaixado para maior acessibilidade dos deficientes motores, mas com uma disposição interna na qual uma cadeira de rodas não consegue manobrar.

quarta-feira, junho 08, 2005

Mas lá que ajuda...

Parece que amanhã (hoje) vou para os copos, queira ou não. Oh well, money can't buy happiness.


P.S. Se calhar o meu guia para a felicidade devia ter mais uma entrada.

terça-feira, junho 07, 2005

Interessante

Algo de preocupantes está a acontecer quando várias pessoas nos dão os parabéns pela nosssa idade em séculos.

Apesar de não ter nenhum respeito pela juventude apenas atingi um terço da esperança média de vida na sociedade ocidental (dispenso lembretes acerca do aumento da poluição e afins).
Para quê complicar quando simples funciona.

Enfim...

Acho que o João Miranda anda a precisar de ler ou reler Kuhn, Popper, Ludwik Flek e relembrar-se da lâmina de Occam (afinal até estamos a falar de um monge Franciscano).

Já agora, a teoria da selecção natural de Darwin foi quase abandonada como errada em meados dos anos 20, não tivessem sido entretanto descobertos os trabalhos de Mendel (outro monge).

Aliás como ele parece saber muito pouco de ciência e quase nada de biologia tenho ainda de recomendar-lhe a leitura da Teoria Sintética da Evolução que ultrupassou a visão Darwinista original. Talvez a leitura do paper original de Watson e Crick talvez desse uma ajuda mas a quimica é uma das áreas na qual careço de conhecimentos, e apesar de não ter grande respeito pela sociobiologia não posso deixar de recomendar os livros de Wilson, Hamilton e Alcock.

As cartas de Huxley também são esclarecedoras embora tivesse uma visão eminentemente Malthusiana da seleção natural (como aliás a maior parte dos biólogos dos séc. XIX).

domingo, junho 05, 2005

Se por a acaso alguém estiver interessado em oferecer-me uma prenda de anos sugiro que seja esta:

Alternativamente bibliografia sobre surdez também seria fantástica, mas já não tenho grandes esperanças.

sexta-feira, junho 03, 2005

Guia para a felicidade

1) A felicidade é pessoal e intransmissível.
2) A felicidade é constituída por vários elementos.
3) A felicidade é um estado conjuntural em nada diferente da fome ou do sono, por exemplo.
4) A felicidade não é um direito, uma pessoa ou é feliz, ou não é feliz de acordo com os pontos 2) e 3).
5) Há vários níveis de felicidade.
6) A felicidade só pode ser avaliada à luz da privação.
7) Uma série de pequenas satisfações pode criar felicidade.
8 A felicidade é frequentemente acidental.
9) Nada é eterno. Nem a felicidade
10) Qualquer guia para a felicidade está destinado ao fracasso (ver ponto 1)).

Ainda a educação sexual

No seguimento dos posts sobre educação sexual que aqui fiz o Faccioso fez um comentário relatando a entrevista dada por Zita Seabra ao expresso em que esta afirma que numa aula de Educação Sexual (?!!) no 9º ano a filha recebeu um inquérito com as seguintes perguntas:

- Já alguma vez tiveste relações sexuais?
- Já alguma vez tiveste relações sexuais com animais?

Algumas observações:

- Qual é o mal da 1ª pergunta?
- Qual é o mal da 2ª pergunta? (Não estou a brincar. Interpretem a minha questão como quiserem).
- Quando é que ocorreu este caso? Já era a APF a responsável pelos não existentes programas de educação sexual? Porque é que Zita Seabra não levantou esta questão antes? (Presumo que o caso não seja muito recente).
- Em que escola é que ocorreu este caso? (Não li a noticia do Expresso).
- Acho interessante que se tenha questionado os manuais supostamente da 4ª classe e agora apareça um caso do 9º ano com alunos que têm uma idade média de 14 anos. Dá pelo menos a ideia que se calhar a educação sexual não é uma coisa muito uniformizada.

Back to kimono

O 1º Ministro japonês decidiu deixar de usar gravata para dar o exemplo numa tentativa de reduzir o uso de ar condicionado no Japão. Concordo. Mais, acho mesmo que deveriam reverter ao uso dos práticos e confortáveis Kimono e Hakama de seda ou algodão.

Revenge of the Sith II

Porque é que não ficou mais parecido com Dogville. Comparado com o James Caan o Palpatine é um anjinho, e a Nicole Kidman dava um Darth Vader bem mais credível (se esquecermos que é uma mulher).

quarta-feira, junho 01, 2005

My Day

Aula de Língua Gestual Portuguesa.
Trabalho.
Entrevista para um trabalho de mestrado.
Receber 10 Euros pela entrevista.
Pagar 300 Euros da última prestação das Propinas.
Ir à Feira do Livro.
Recusar contribuir num peditório de uma associação para crianças com Trissomia 21.
Sentir-me um pulha completo.
Descobrir que o João César das Neves ia lançar um livro chamado “Ele está aqui”, onde o economista fala da eucaristia.
Verificar que o café-auditório da Feira tem fracas acessibilidades para deficientes.
Chorar os livros que queria comprar mas para os quais não tinha dinheiro.