domingo, outubro 24, 2004

Mais um post longo sobre os estudantes

Este texto é uma adaptação de um texto que tinha escrito em Abril, algum tempo após mais uma ridícula greve de estudantes, para o jornal do NEA a propósito da contestação estudantil. Nos seis meses que entretanto passaram não decorreu praticamente nada que merecesse alguma alteração no corpo do texto, mas qualquer coisa que tenha sido fortemente reelaborada, ou que necessite de ser explicitada aparecerá a negrito e/ou entre parêntesis. Aviso já que é mais especifico da situação em Coimbra, embora haja paralelos claros com o que conheço do resto do país.

Os Caminhos da Contestação

Encerrou-se com a greve nacional do passado dia 1 de Abril mais um período de contestação à actual política governamental relativa ao Ensino Superior. Impõe-se uma reflexão crítica sobre o modo como esta se tem processado e sobre como penso que deveria prosseguir.
O primeiro aspecto a reflectir é o caracter cíclico do calendário de contestação: Inicia-se o ano lectivo, marca-se uma greve e uma manifestação nacionais, incita-se à mobilização (virtualmente sem sucesso, acrescente-se), e decorrem algumas iniciativas locais de maior ou menor visibilidade. Em Novembro com a latada (que está a ser feita cada vez mais cedo), e com as eleições para a DG/AAC encerra-se esta fase. Em Março, com o fim da época de exames e a entrada em funções das novas DGs (não só da AAC), começa um novo período que consiste essencialmente nas mesmas iniciativas. Em Maio, as festas académicas e o aproximar do final do ano lectivo assinalam o final da contestação. Esta calendarizarão apresenta pelo menos três consequências: o governo pode planear o seu próprio calendário legislativo de modo a evitar o grosso dos protestos estudantis, esvaziando-os assim de sentido; cria uma imagem pública de falta de seriedade dos estudantes; e finalmente, satura os próprios estudantes que deixam de se aperceber da importância e da validade das suas reivindicações.
Outro aspecto tem a ver com o próprio discurso dos dirigentes associativos – ouvimos todos os anos que se assiste ao maior ataque ao ensino superior público desde o 25 de Abril (o que não deixa necessariamente de ser verdade por esta razão!). Cria-se um alarmismo desnecessário (até porque já estamos na fossa há algum tempo...) ao qual se acrescenta um tom negativo de contestação que dá unicamente a ideia que os estudantes estão contra algo, o que quer que seja, e não por algo. Por outro lado, a história da luta académica dos últimos 12 anos, totalmente marcada pelo combate às propinas, torna os estudantes reféns desta questão. Mais do que contra as propinas, a luta estudantil é, neste momento por um entendimento específico do que deve ser o Ensino Superior Público em Portugal.
Finalmente não podem deixar de ser referidas as diversas lacunas insuficiências e contradições, nos métodos de luta escolhidos e no funcionamento das organizações estudantis. A estrutura responsável pela articulação das diversas associações, o ENDA, não contribui para a resolução dos problemas de compatibilidade entre as associações. O seu funcionamento obscuro e o seu défice de intervenção público tornam-se ainda mais estranho se pensarmos que se trata de um órgão meramente consultivo e que a maioria das iniciativas apresentadas pelas associações académicas aos seus membros emana dele. (O ENDA marcou uma reunião para o dia 4 de Novembro exactamente à mesma hora que a manif' desse dia. Não é exactamente um sinal de seriedade.)
No caso da AAC, as diversas DGs tendem a ser projectos de continuidade e a espelhar um posicionamento político semelhante ao do maior partido de oposição (portanto não há cá bloquistas para ninguém, aliás é mais fácil encontrar meninos PP que do Bloco no topo das estruturas dirigentes, o que é uma coisa que, sinceramente, me deixa perplexo), o que tem vindo a implicar uma uniformidade de ideias e métodos que não favorecem a reflexão e a discussão dos problemas reais. Fora da DG o panorama não é mais animador. A Assembleia Magna - suposto expoente máximo da democracia universitária – não passa de um órgão facilmente manipulável (quer pela DG, quer por movimentos com interesses políticos) e com um nível de representatividade muito baixo (nos últimos meses o maior número de pessoas que esteve numa Magna não ultrapassou as 700 pessoas). Cria-se frequentemente um ambiente hostil à participação fora destes enquadramentos ideológicos, e não posso deixar de referir que as constantes quezílias entre BE e JCP só contribuem para alienar os estudantes sem alinhamento político e obscurecer o que está em discussão. No meio disto tudo encontram-se os núcleos cujas posturas vão da total apatia (ou que são na realidade comissões de festas), submissão à DG, ou serem largamente ignorados. (Talvez a grande surpresa tenha ocorrido aqui, neste momento um número significativo de Núcleos é politicamente empenhado, e conseguiu arranjar maneira de cooperar para desempenharem papeis mais activos e independentes. É possível que seja uma fase transitória motivada pela presença de pessoas muito especificas, com pontos de vista semelhantes, nas diferentes direcções, mas apesar de até agora as únicas medidas conjuntas a saírem directamente desta cooperação serem uma moção de censura aos estudantes senadores que não cumprem as suas responsabilidades, e o cancelamento da utilização dos espaços disponibilizados no recinto da Latada, é um indicador muito promissor.)
Tendo em conta os aspectos acima referidos parece-me então que o futuro da contestação estudantil tem de passar pelos seguintes caminhos:

1. Recusa da greve enquanto forma de luta. Trata-se de uma questão de credibilidade, aquilo a que chamamos greve de estudantes é na realidade um boicote às aulas. A greve assenta na premissa da recusa de cumprir um dever para com um terceiro enquanto forma de reivindicar um direito negado de alguma forma. Uma greve de estudantes de maneira nenhuma se enquadra nesta premissa. A nossa paralisação enquanto estudantes não afecta ninguém a não ser nós mesmos. Por muito que se argumente acerca do direito dos estudante à greve esta é intelectualmente desonesta ilegítima e ineficaz, não se pode esquecer que devido a um acordo com o Reitor, desde que se mantenham as portas abertas até temos tolerância de ponto, o que é uma banalização clara do próprio direito e um desrespeito pelos trabalhadores que legitimamente recorrem ela. A percepção pública é que os estudantes estão a fazer “gazeta” pura e simples, e não é pelo presidente da AAC dizer que a aderência à greve foi n ordem dos 70% que isto se altera porque desses 70% não se diz quantos é que já não costumam ir às aulas de todo, quantos não têm aulas no dia da greve, nem quantos é que realmente apoiam e compreendem a greve. (Escrevi isto a seguir a uma greve com a qual discordava particularmente. Para além da minha recusa da greve enquanto forma de luta viável esta havia sido marcada para o dia 1 de Abril, uma quinta-feira, imediatamente antes do inicio das férias da Páscoa, sobre o lema “Ensino Superior Público em Portugal – Mentira”. Parecia piada, e ainda por cima má, mas não, fez-se mesmo a greve. Tive várias discussões, em R.G.A.s, Conselho Inter-Núcleos, e mesmo no interior do próprio núcleo, tendo sido, ainda por cima, um dos burros que foi fazer piquete. Não me adoçou o humor.)

2. Reformulação das estruturas associativas, e referindo-me especificamente à AAC: ampliar a duração dos mandatos para dois anos. Um ano é manifestamente insuficiente para montar uma estratégia concertada de contestação, e os períodos eleitoras roubam em média três meses às restantes iniciativas. Com mandatos mais extensos amplia-se o prazo de planificação, ganham-se pelo menos três meses de trabalho, e equipara-se a duração dos mandatos à que é praticada nos órgãos da universidade. Mais problemática é uma restruturação da Assembleia Magna. O actual sistema de àgora ateniense, numa população de 22 mil estudantes, é insuficiente e não representativo. Eventualmente a criação de uma assembleia constituinte seria uma solução possível, mas nunca seria uma decisão pacífica.

3. Se, pessoalmente acredito que a melhor forma de credibilização da luta estudantil era a suspensão das festas académicas, uma porção não-pouco significativa dos estudantes da U.C. decidiu recentemente (em Janeiro, pouco mais de sete mil estudantes foram votar a realização ou não da Queima da Fitas, e à volta de cinco mil votaram que esta devia ser feita na totalidade) pelo contrário. Não querendo negar o direito que uma pessoa tem a contestar algo, e a divertir-se como e quando quiser, penso que então a solução passa pela demarcação clara dessas actividades, da função associativa das organizações académicas. Até agora tem-se tentado a politização, dessas festas, porque, num passado mítico, têm uma tradição de contestação e porque são um local privilegiado de sensibilização dos estudantes. O que é esquecido é que a massificação e a mediatização destas festas esvazia-as de qualquer sentido que não o lúdico. Uma vez que a organização destas festas passa cada vez menos pelas próprias associações académicas não me parece especialmente complicada esta separação. (Numa Assembleia Magna há cerca de 15 dias num momento surpreendente foi proposta, e aprovada a não-politização da latada. Também é de notar que não fossem considerações financeiras é muito provável que no dia 21 a seguir aos confrontos com a polícia esta viesse a ser cancelada, acabaram por ser unicamente os Núcleos a recusarem qualquer participação nas festividades, mas fica um indicio que não será tão impossível quanto isso vir cancelar a queima das fitas, mesmo com o rombo financeiro que isso significa para a AAC.)

4. Ainda ao nível da AAC, é necessário um melhor planeamento das iniciativas mesmo ao custo da redução do número de actividades realizadas, é preferível realizar poucas iniciativas cuidadosas e eficientes a uma série de actividades planeadas em cima do joelho. (Ainda à tanto a fazer neste campo, a falta de planeamento a longo prazo é talvez o maior problema do movimento estudantil, potênciado pelo reduzido prazo de actividade dos dirigente associativos decorrente da sua própria condição enquanto estudante.) A opinião dos Núcleos também tem de ser mais ouvida, uma vez que a realização das iniciativas passa, ou devia passar, em grande medida por estes. (Por agora estes estão na melhor posição em que já os vi, se isto é para continuar...)

5. Não simplificar o conteúdo das campanhas de sensibilização. Muitos acreditam que a utilização de um discurso completo e rigoroso, satura e afasta as pessoas de causas, mas pessoalmente ao reduzirmos o nível intelectual da informação que produzimos, estamos a repetir as lógicas que pretendemos combater, negando o nosso próprio direito e capacidade intelectual de fazer intervenções legitimas na sociedade, falhando o nosso objectivo de consciencialização. (Infelizmente a informação que veiculamos, que nunca primou pela qualidade, é agora de uma pobreza confrangedora.)

Estes pontos por si só não resolvem nada, são apenas alternativas que merecia iam ser exploradas e não são, e é ainda mutíssimo importante fazer uma reflexão, tão extensa quanto necessária, sobre os próprios motivos da contestação, e dos seus objectivos, principalmente à luz do défice geral de participação democrática em Portugal

Quem faz o filtro?


 Posted by Hello

Pausa para uma musa



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Pausa para descansar, respirar fundo...
Segue dentro de momentos

sábado, outubro 23, 2004

Para onde hei de emigrar? II

Na sequência da interrogação anteriormente lançada recebi a ideia da Nova Zelândia que se encontraria nos nossos antípodas,etc.
Curiosamente ao ler Os Tempos que Correm descubro qual é a localidade em terra seca mais próxima dos antípodas exactos aqui da terrinha. Será um sinal? Devo ir para Te Awamutu?

Rocco (não o Siffredi)

Retirado do site Catholics for a Free Choice:

European Catholics Oppose Appointment of Rocco Buttiglione


More than 140 prominent Catholics and Catholic organisations
speak out against Buttiglione’s proposed appointment as
Commissioner for Freedom, Security and Justice.



For Immediate Release
October 19, 2004
Media Contact:
In France, Elfriede Harth
+33 1 39 02 7890
In US, Michelle Ringuette
+1 202 986 6093; +1 202 550 1321




FRANCE—Today more than 140 prominent Catholic leaders and organisations submitted a letter to European Parliament president Josep Borrell Fontelles in protest against the appointment of Rocco Buttiglione as Commissioner for Freedom, Security and Justice.

“As European Catholics we disagree with Rocco Buttiglione’s positions on the family, on homosexuals, on women, as well as on his promotion of camps for asylum seekers at the borders of the EU,” stated the letter. “His positions on these issues do not reflect mainstream Catholic attitudes.”

The signers addressed Dr. Buttiglione’s dismal record on women’s rights and the civil rights of homosexuals and as a Minister of European Affairs for Italy. They also objected to his appointment on the basis that he has not upheld the EU principle of non-discrimination in his own country.

While some supporters of Dr. Buttiglione tried to depict the opposition to his appointment as “anti-Catholic,” Catholic leaders and lay groups laid that argument aside, stating that, as Catholics, they disagreed with any suggestion that EU institutions are anti-Catholic.

“We strongly disagree with this false complaint of ‘anti-Catholicism,’” the letter stated. “It is not because of his affiliation to the Catholic church that he is opposed but because his political record does not demonstrate that he has the qualifications to be a Commissioner who will promote justice and civil rights in the European Union.”

“Dr. Buttiglione blames the low birth rate in Europe on women with careers. He has called homosexuality a sin. He believes that AIDS is a ‘divine punishment for homosexuality and drug
use,’” said Elfriede Harth, the European representative of Catholics for a Free Choice. “Our opposition to this appointment is based on Dr. Buttiglione’s lack of credentials and his egregious record of discriminatory remarks and actions. It’s not anti-Catholicism. It’s anti-bigotry.”

Catholics for a Free Choice has developed a fact sheet on Dr. Buttiglione as part of its “Conservative Catholic Influence in Europe” series. (Available at www.catholicsforchoice.org/pdf/buttiglione.pdf.)

The European Network Church on the Move and the progressive German Catholic organization, Initiative Kirche von unten, have also issued statements opposing Dr. Buttiglione’s appointment.

--statement ends--

quinta-feira, outubro 21, 2004

Coimbra II

Houve no entanto alguns reflexos positivos dos acontecimentos de ontem. Nomeadamente despertou a atenção de muitos estudantes que normalmente (normopáticamente?) não ligam a estes movimentos.

Coimbra

Para que fique registado, sou estudante universitário em Coimbra, embora seja natural de Lisboa. Na terça-feira participei no corte da rua Padre António Vieira,estando aliás atrás do aluno detido nesse momento, mas não estive na manifestação do Senado, à qual apenas assisti pela televisão e aos relatos dos meus amigos e colegas que lá estiveram.

Quanto à terça-feira, é pena que nunca se mostrem os simpáticos professores que desrespeitaram as orientações dos policias que estavam a desviar o trânsito e tentaram passar por cima dos alunos presentes com os seus carros. A presença policial foi no geral correcta embora prender um aluno por se ter sentado na passadeira é quanto a mim um exagero, assim como o foi quando chegaram os 5 elementos do corpo intervenção um deles vir de caçadeira em riste. Mas aqui a postura da polícia foi sempre conciliatória, assim como os estudante foram sempre respeitosos do agentes presente, mesmo durante a detenção do colega.

Passando ao dia de ontem convém começar referir uma séria de coisas que ficaram esquecidas nas múltiplas reações aos acontecimentos:
- A escolha do local da reunião não foi inocente. Salvo erro foi a primeira vez que uma reunião do Senado decorreu fora da Reitoria.
Convém dizer que foram eviadas aos estudantes Senadores duas convocatórias com o mesmo número de despacho, uma dirigida aos Senadores membros da DG/AAC, indicando a reitoria como local da reunião, e a discussão dos acontecimentos de 13 de Outubro como ordem de trabalho, e uma outra convoctória para os restantes Senadores dando o Pólo II como local das reuniões e acrescentando a fixação das propinas à ordem de trabalhos.
Como podem ou não saber o Pólo II é algo removido do centro da cidade, e do Campus principal,não sendo portanto alvo de visistas turísticas, nem frquentado por outra pessoas que não estudantes e funcionários. o edificio onde decorreu encontra-se em obras, e às quartas-feiras à tarde, dia em que se realizam as reuniões dos orgãos universitários, está praticamente vazio por praticamente não haverem aulas. Ou seja desde logo o objectivo era reduzir a presença de estudantes, e diminuir o peso simbólico que uma carga policial teria se feita na alta universitária.

- Nos últimos três anos a atitude eventualmente mais incorreta que os responsáveis policiais tiveram foi na primeira manifestação estudantil em Lisboa, durante o governo Durão Barroso, de terem apagado a iluminação em frente à Assembleia da República o que basicamente pôs os estudantes às escuras às 17:30. Do mesmo modo o mais "desrespeitoso" para a policia a que eu assisti foram os gritos "muita polícia, pouca educação" que ocorreram nalgumas manifestações incluindo ontem.

- O que os estudantes ontem fizeram, não difere em nada do que já fizeram antes, excepto em dois pontos: Não foi em frente da Assembleia da República, e não ultrupassavam algumas centenas.

- Tendo em conta os pontos anteriores parece-me portanto que havia indicações para se recorrer à força.

- A polícia do corpo de intervenção vinha equipada de capacete, armadura, bastão, arma de serviço e spray de pimenta, o que por si só constitui o seu equipamento padrão, mas para além disso os carros do corpo de intervenção traziam as caçadeiras para as balas de borracha, e nas imagens televisivas vé-se claramente um policia à paisana a sacar dum bastão e a atacar um estudante pelas costas.

- Vendo as imagens televisivas da RTP, nota-se que o estudante preso foi claramente escolhido da linha de estudantes, o cordão policial estava a empurrar os estudantes, e um elemento do corpo de intervenção vém por trás dos seus colegas e puxa-o para dentro do cordão policial, onde juntamente com outros três agentes do CI o imobilizam. O estudante pode ou não ter tentado agredir algum agente, mas gostaria que me explicassem como é que um puto que, tal como as imagens mostram, tém metade do tamanho de qualquer agente consegue ferir gravemente um elemento do corpo de intervenção completamente equipado.

-Havia ordens para identificar apenas os estudantes que tentassem entrar no senado, ou seja quem não parecesse estudante entrava à vontade.

sexta-feira, outubro 15, 2004

Manifesto anti-Santana

Ao contrário do que o Público ontem noticiou os estudantes do Conselho de Repúblicas que invadiram a Abertura Solene da Universidade de Coimbra não lançaram palavras de ordem a insultar o Santana. Fizeram uma adaptação do Manifesto anti-Dantas de Almada Negreiro:

BASTA PUM BASTA!

UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM SANTANA É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO!

ABAIXO A GERAÇÃO!

MORRA O SANTANA, MORRA! PIM!

UMA GERAÇÃO COM UM SANTANA A CAVALO É UM BURRO IMPOTENTE!

UMA GERAÇÃO COM UM SANTANA À PROA É UMA CANÔA UNI SECO!

O SANTANA É UM CIGANO!

O SANTANA É MEIO CIGANO!

O SANTANA SABERÁ GRAMMÁTICA, SABERÁ SYNTAXE, SABERÁ MEDICINA, SABERÁ FAZER CEIAS P'RA CARDEAIS SABERÁ TUDO MENOS ESCREVER QUE É A ÚNICA COISA QUE ELLLE FAZ!

O SANTANA PESCA TANTO DE POESIA QUE ATÉ FAZ SONETOS COM LIGAS DE DUQUEZAS!

O SANTANA É UM HABILIDOSO!

O SANTANA VESTE-SE MAL!

O SANTANA USA CEROULAS DE MALHA!

O SANTANA ESPECÚLA E INÓCULA OS CONCUBINOS!

O SANTANA É SANTANA!
... etc, isto após ler um comunicado ao qual mal eu tenha acesso transcreverei.

O objectivo destes estudantes era interromper a oração de sapiência por considerarem que esta não tinha razão de ser na actual conjuntura do ensino superior, o que conseguiram de maneira pacifica e ordeira ao contrário do que o Público dá a entender, e no qual foi seguido palavra por palavra por todos os outros orgão.

Infelizmente como acontece demasiadas vezes onde estão envolvidos jovens os ânimos exaltam-se, e o que é uma boa ideia ganha uma dinâmica que prejudica os objectivos iniciais, ainda mais quando a intervenção do CR acabou por colidir com a intervenção da AAC.

Eu???

Pelos vistos faço parte de uma vanguarda radical...

quinta-feira, outubro 14, 2004

Pergunta

Alguém me sabe dizer se Portugal jogou ontem? É que eu ia jurar que vi uns gajos de vermelho e verde marcarem cinco golos de longe, mas isso não faz sentido.

Já agora, não seriam os outros gajos o Liechtenstein?

Preceitos Biblicos

Retirado do Diário Ateista:

Há muito que este texto circula pela NET. Merece uma leitura e reflexão:

«Recentemente, uma célebre animadora de rádio dos EUA afirmou que a homossexualidade era uma perversão: « É o que diz a Bíblia no livro do
Levítico, capítulo 18, versículo 22: " Tu não te deitarás com um homem como te deitarias com uma mulher: seria uma abominação". A Bíblia refere assim a questão. Ponto final » - afirmou ela.

Alguns dias mais tarde, um ouvinte dirigiu-lhe uma carta aberta que dizia:
«Obrigado por colocar tanto fervor na educação das pessoas pela Lei de Deus. Aprendo muito ouvindo o seu programa e procuro que as pessoas à minha volta a escutem também. No entanto, eu preciso de alguns conselhos quanto a outras leis bíblicas.
Por exemplo, eu gostaria de vender a minha filha como serva, tal como nos é indicado no Livro do Êxodo, capítulo 21, versículo 7. Na sua opinião, qual seria o melhor preço?
O Levítico também, no capítulo 25, versículo 44, ensina que posso possuir escravos, homens ou mulheres, na condição que eles sejam comprados em nações vizinhas. Um amigo meu afirma que isto é aplicável aos mexicanos, mas não aos canadianos. Poderia a senhora esclarecer-me sobre este ponto?
Por que é que eu não posso possuir escravos canadianos?

Tenho um vizinho que trabalha ao sábado. O Livro do Êxodo, capítulo 25, versículo 2, diz claramente que ele deve ser condenado à morte.
Sou obrigado a matá-lo eu mesmo? Poderia a senhora sossegar-me de alguma forma neste tipo de situação constrangedora?

Outra coisa: o Levítico, capítulo 21, versículo 18, diz que não podemos aproximar-nos do altar de Deus se tivermos problemas de visão. Eu preciso de óculos para ler. A minha acuidade visual teria de ser de 100%?
Seria possível rever esta exigência no sentido de baixarem o limite?

Um último conselho. O meu tio não respeita o que diz o Levítico, capítulo 19, versículo 19, plantando dois tipos de culturas diferentes no mesmo campo, da mesma forma que a sua esposa usa roupas feitas de diferentes tecidos: algodão e polyester. Além disso, ele passa os seus dias a maldizer e a blasfemar. Será necessário ir até ao fim do processo embaraçoso que é reunir todos os habitantes da aldeia para lapidar o meu tio e a minha tia, como prescrito no Levítico, capítulo 24, versículos 10 a 16? Não se poderia antes queimá-los vivos após uma simples reunião familiar privada, como se faz com aqueles que dormem com parentes próximos, tal como aparece indicado no livro sagrado, capítulo 20, versículo 14?
Confio plenamente na sua ajuda.»

Eleições Americanas

Finalmente vi um dos debates na totalidade. Sendo possível que tenha sido influenciado por ter sido na televisão pareceu-me que a vitória de Kerry foi clara, ainda que essencialmente por Bush, sem ter enterrado, esteve bem menos seguro do que nos segmentos que vi dos outros debates. Infelizmente o contéudo real das intervenções de ambos os candidatos foi pouco, e pareceu-me que em diversos assuntos as posições de ambos não são tão diversas quanto isso, mas pelo menos começo a ter uma pequena esperança de não ter de aturar o Bush durante mais quatro anos.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Preços

O bilhete do intercidades aumentou perto de 15%.
Os bilhetes de metro aumentaram cerca de 2.5%.
Os bilhetes da rede de expressos não aumentam há cerca de ano e meio (bom, houve uma altura em que baixaram os preços, por isso na realidade aumentaram desde essa altura).

quinta-feira, outubro 07, 2004

O estado a que chegamos.

O governo exerce pressões sobre um canal privado para acabar com um espaço de opinião - e é bem sucedido - porque o comentador incômodo teve a lata de criticar a ponte do dia 4 de Outubro.

Uma porção significativa do debate parlamente girou à volta da utilização por parte do líder da oposição do teleponto num discurso aos seus militantes (evitando fazer a triste figura de um determinado PM não eleito na sua tomada de posse).

domingo, outubro 03, 2004

Para onde hei de emigrar?

Sou um daqueles que por causa que se passa no nosso país e pelas poucas perpectivas de melhorias futuras está a considerar fortemente a emigração enquanto possibilidade ainda que no momento por uma série de razões, a mais importante das quais é estar a acabar o curso,e a outra é a minha relutância em ir para um sítio onde não tenha contacto diário com a lingua portuguesa, não o possa fazer.

No entanto estou com tremendas dificuldades em escolher o local do meu exilio.

Canadá e Austrália parecem-me excelente possibilidades ainda que o Canadá seja culturalmente próximo dos Estados Unidos e a Austrália tenha um governo de direita insuportável. Mesmo os próprios Estados Unidos não são de todo má opção embora só me veja a viver em Nova Iorque e São Francisco. A Inglaterra não é tanto uma opção por causa da chuva (a menos pluviosa Escócia é mais opção) Espanha seria uma boa opção pela proximidade mas detesto a sonoridade do castelhano (de Espanha, o Cubano e o Argentino curiosamente não me ferem os ouvidos). A Alemanha tém o mesmo problema. Não gosto da França (ainda que conheça mal o sul) e a Itália enquanto tiver o Berlusconni nem pensar. Alguém tém sugestões?

O Prestigio

Havia uma pastora, para quem isto a definia completamente. Era bela e sábia o suficiente para conquistar o respeito e a admiração quer dos seus pares, quer dos seus superiores, mas isto não tinha importância nenhuma para ela (e que outra opinião interessava quanto a isso?). Ela era uma pastora, guardava ovelhas.

No entanto as ovelhas que guardava não eram propriedade sua mas de um aristocrata. Em troca do seu serviço, ela recebia o uso de um confortável casarão, que mantinha escrupulosamente limpo, e uma porção da produção de leite carne e lã que poderia utilizar como entendesse.

Este aristocrata, tal como todos reputados pela sua opulência e esplendor, nunca se permitiria a tocar numa autêntica ovelha viva, ainda que fosse capaz de se sentar à mesa para comer uma perna de borrego na sua elegante túnica de lã. Portanto era a pastora que tratava dos problemas desagradáveis de gestão do rebanho entregando no fim do ano ao seu patrão os resultados do investimento dele através do seu trabalho.

Infelizmente o mais refinado sentido estilo não é protecção contra o infortúnio, como muitos grandes senhores descobriram. Um outro nobre viu-se em dificuldades devido a uma combinação de investimentos insensatos e simples azar, perdendo toda a sua fortuna. Por isso dirigiu-se ao patrão da pastora com a ultima herança que tinha; uma esmeralda magnífica, de grandes dimensões e tonalidade perfeita, para a trocar por metade dos rebanhos do amigo, compra que resolveria os problemas presentes e oferecia a probabilidade de rendimentos futuros.

O patrão da pastora mostrou-se tão ansioso como o desafortunado nobre para fazer a troca , pois a posse de tão precioso objecto traria grande fama e reputação à sua própria casa. Assim ambos os aristocratas começaram a orientar divisão do rebanho a partir de uma plataforma construída para esse efeito (pois nenhum aristocrata no seu juízo perfeito se arriscaria a pisar excrementos de ovelha), enquanto a pastora no curral separava as ovelhas.

A certo momento a discussão intensificou-se e o aristocrata arruinado retirou a esmeralda do bolso e começou a discorrer sobre a sua perfeição e pureza numa tentativa de convencer o amigo a ceder aos seus interesses. Infelizmente a pouca sorte do arruinado nobre voltou a manifestar-se, pois enquanto este gesticulava a pedra escapou-lhe da mão caindo no curral onde um atrevido cordeiro prontamente a devorou.

A pastora imediatamente desculpou-se profusamente pelo acidente (ainda que a culpa não fosse dela), e assegurou a ambos os homens que não havia motivos para interromper o negócio: “Vigiarei este diabrete muito atentamente”, assegurou, “e quando a pedra reaparecer como é normal daqui a dois ou três dias, lavá-la-ei escrupulosamente e entregá-la-ei pessoalmente.”

Ambos os aristocratas ficaram porém horrorizados perante a indignidade a que a pedra seria sujeita e recusaram-se a aceitar esse plano.

“Muito bem” disse então a pastora, “nesse caso matarei o animal imediatamente, e terão a jóia na mão dentro de momentos, embora eu preferisse que este cordeiro viesse a crescer num belo carneiro em de se tornar num assado”.

Mas ambos os nobre concordaram que esta solução também constituiria uma conspurcação inaceitável da pedra, e após uma curta discussão chegaram à conclusão que não havia outra hipótese que não considerá-la como para sempre perdida. Assim o arruinado aristocrata regressou a casa pobre e triste, mas seguro que a dignidade e a nobreza da sua casa em nada haviam sido beliscadas.

A pastora que há muito tempo havia aprendido a inutilidade de tentar incutir bom senso nos orgulhosos aristocratas, guardou as ovelhas para a noite metendo o jovem cordeiro num curral separado, onde o vigiou cuidadosamente. Quando finalmente a pedra percorreu o seu caminho, a pastora apanhou-a com uma pá e lavou-a vigorosamente com sabão e água limpa, levando-a depois a um mercador honesto ao qual só interessava o seu tamanho e peso em vez da sua história recente, pagando uma avultada soma por ela. Parte desse dinheiro a pastora usou nos seus confortos pessoais, outra parte deu aos que dele tinham necessidade e a maior parte guardou para uma necessidade, tendo-se tornado na mais próspera e digna pastora da região.

O cordeiro cresceu para se tornar verdadeiramente um belo carneiro, que reinou por muitos anos sobre os rebanhos mesmo não sabendo que por momentos foi o mais valioso cordeiro do mundo.

Quanto ao aristocrata arruinado, viu-se obrigado a vender o seu palácio para pagar as dívidas e a procurar a caridade de parentes que lhe deram todo o afecto que é devido a um parente caído em desgraça e cheio de autocomiseração. Hoje o seu honrado nome que não seria prejudicado por uma fortuna honestamente conspurcada não é lembrado por ninguém.



Isto não é uma farpa à quinta das celebridades, apesar de eventualmente ser merecedora da farpa.

Gaahh!

A Sic Mulher está a dar a versão americana do Coupling. O director de programação devia ser pendurado da maneira mais dolorosa possível por uma extremidade à escolha...